domingo, 21 de agosto de 2022

Datalake (Uma versão BIG DATA do DW clássico)

Houve um tempo em que era possível gerar relatórios gerenciais com dados extraídos das bases transacionais que subsidiam os sistemas de informação. Com o aumento do volume de dados, constatou-se que as consultas envolvidas na produção desses relatórios estavam comprometendo o desempenho dos sistemas.

No sentindo de resolver essa questão eis que surgem as bases de dados analíticas com dados extraídos de bases transacionais, modelados de forma dimensional de modo a otimizar a performance das consultas efetuadas. Surge aí o conceito de Data Warehouse,

Agora vamos imaginar um cenário com uma grande VARIEDADE de dados (estruturados, semiestruturados e não estruturados).

Quando se fala em BIG DATA, verifica-se que o mercado e as ferramentas até então usadas para trabalhar com dados, precisaram ser adaptadas para processar um volume e uma variedade maior de dados. E o quesito análise de dados não poderia ser deixado de lado. 

Há quem diga que um DATALAKE é uma versão moderna do DW clássico surgido nos anos 90. Assim como o Data warehouse, um Datalake é um armazém de dados corporativo com a diferença de que neste último, os dados contidos podem ser estruturados, semiestruturados, e não estruturados. Além disso, esse armazém de dados é hospedado em um ambiente distribuído (dados hospedados em um sistema de arquivos distribuído), escalável e tolerante a falhas.

Outra diferença entre Data Warehouse  e Datalake é a ordem de como as coisas acontecem. No caso do DW, as atividades do processo de trabalho é a extração de dados de banco de dados transacionais, transformação desses dados para um formato dimensional e em seguida, a carga desses dados em tabelas fato e tabelas dimensão, presentes no DW. No caso do Datalake, primeira é feita a ingestão  dos dados(extração), em seguida ocorre a carga desses dados no lake para a partir daí se faça a transformação destes dados. Esse processo é conhecido como ELT.

A estruturas que recebem os dados varia de projeto, mas basicamente é previsto uma área para receber os dados brutos, outra área para realização de transformações sobre os dados e por fim, uma área para manter um histórico dos dados. 

A ingestão dos dados para essas estruturas pode ser feita em lote (batch), aonde acumula-se os dados por um tempo ou ainda a  medida que os dados são gerados, sendo capturados em tempo real(streaming).  O Spark Streaming ou ainda um serviço de mensageria (Kafka ou RabbitMQ) podem ser utilizadas como ferramenta para apoiar o trabalho.

A medida que esses dados são trabalhados vão sendo armazenados nas devidas camadas. utilizando formatos diversos de BIG DATA( Parquet, ORC, AVRO) visando economia de espaço em disco e velocidade de consulta. Para apoiar esse trabalho, geralmente utiliza-se uma engine de processamento de BIG DATA (Spark, Hadoop, Flink, entre outras) e alguma ferramenta de orquestração das atividades envolvidas( apache airflow, Oozie, etc).

No caso do DW os dados são consultados na bases dimensionais do mesmo. E no caso do DL como disseminar a informação? Podemos indexar esses dados numa ferramenta de busca como o Elastic, armazenar os dados em um banco de dados NoSQL, ou ainda, jogar os dados tratados sob o formato de arquivo, numa ferramenta do tipo DMS (CKAN).

Com os dados tratados, é possível disponibilizar a informação através de ferramentas de visualização do tipo Self Service BI (Tableau, Qlik, PowerBI, apache superset, KIBANA entre outras), mas aí é assunto para outro post. 

Inté!

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Processamento de dados em larga escala Spark

Introdução

Chegamos a um ponto que os tradicionais bancos relacionais já não está atendendo as demandas de análise de dados. Por que digo isso? Com a popularização da Internet, advento da IOT (Internet das coisas), o volume de dados produzidos, seja de forma estruturada, não estruturada ou semi estruturada cresceu exponencialmente. Com isso foram surgindo tecnologias para suprir essas necessidades do mercado, capazes de processar grandes volumes de dados de forma paralelizada, descentralizada e distribuída e o Spark é uma alternativa criada pela a indústria para realizar esse tipo de processamento.

A solução mais conhecida e amada pelos profissionais de engenharia de dados era o Hadoop, contudo as operações realizadas através dessa solução dependem muito de operações de IO, representando um dos grandes gargalos do desempenho dos bancos de dados. O Spark resolve isso evitando essas operações, mantendo os conjuntos de dados em memória principal.

O que é?

O SPARK é um framework de código aberto para computação distribuída. Trata-se de um mecanismo que possibilita o processamento (análise) de grande volume de dados. Podemos entender a computação distribuída como um sistema que interliga vários computadores, conseguindo-se assim um grande poder de processamento. Esse conjunto de computadores é conhecido como CLUSTER e cada computador que faz parte desse conjunto é chamado de NÓ. Esse poder de processamento se torna mais eficiente se cada nó faz parte do trabalho. No Spark utiliza-se a estratégia DIVIDIR PARA CONQUISTAR.

Exemplificando, vamos supor que você tenha a tarefa de contar o número de M & M contidas em um pote. Você poderia contar sozinho (que daria muito trabalho) ou pedir ajuda de uns amigos para ajudar na contagem facilitando o trabalho. A atividade seria dividir os M & M's contidos no pote entre os amigos. Cada amigo contaria os M & M's que estão com eles e no final, você somaria as quantidades contabilizadas por você e pelos seus amigos para chegar ao resultado final. Essa é a estratégia adotada pelo Spark.

O Spark faz a divisão do conjuntos de dados, distribuindo os mesmos em estruturas conhecidas como  RDD's(Resilient, Distributed, Dataset).que ficam em memória principal e são imutáveis. A cada novo processamento, novos RDD's são criados de modo a refinar o processamento para no final, o resultado pro processamento ser gravado em disco.

Spark Core é o mecanismo de execução geral da plataforma Spark sobre o qual todas as outras funcionalidades são construídas. O Spark suporta desenvolvimento em várias linguagens como Java, Scala, Python, R e SQL. Além disso existem vários módulos dedicados a diferentes tipos de aplicação, como por exemplo SparkSQL que dá suporte escrever em linguagem SQL em vez de usar a api do Spark. Tem uma módulo chamado Spark Streaming que dá suporte a processamento de dados em tempo real. Tem a biblioteca de machine learning chamada SparkML com diversos modelos para serem utilizados, além de uma mecanismo para computação Gráfica chamada GraphX. Todo esse ecossistema contribuiu para o seu crescimento acelerado e ajudou o Spark a ser um dos sistemas de processamento massivo paralelo mais usados na área de Big Data.

No caso do Python, para interagir com o Spark é utilizada uma  biblioteca chamada PySpark.

Glossário do Spark

RDD (Resilient Distributed Datasets)- É a principal estrutura de dados do Spark. Um RDD é uma coleção de elementos particionada e imutável , o que significa que contém valores, e esses elementos são particionados para serem utilizados em sistemas distribuídos e não podem ser alterados. Não possuem uma estrutura de colunas e sim de linhas e exibidos como se fossem uma lista.

Spark Dataframe - Tem todas as características do RDD porém os dados estão organizados em colunas como uma tabela em um banco de dados. Foi estruturado para tornar mais fácil o processamento de grandes quantidade de dados. Apesar de estruturalmente serem diferentes, para quem conhece a estrutura de um dataframe da biblioteca de Pandas, a manipulação se torna mais fácil e por este motivo é a melhor escolha para começar a usar o PySpark. Existem algumas mudanças sutis entre o Spark dataframe e o Spark dataset que falaremos a seguir, mas o importante a saber quando estiver usando o Dataframe , estará aproveitando o formato interno otimizado pelo Spark e este formato aplica ganho de eficiência em todas as linguagens usadas pelas API's.

Spark Dataset - Eles são semelhantes aos DataFrames, mas são fortemente tipados, o que significa que o tipo é especificado na criação do DataSet e não é inferido o tipo de registros armazenados nele. Os Datasets estão disponíveis apenas para o Java Virtual Machine baseado nas linguagens Java e Scala e nele você define o tipo de dados que serão inseridos no Dataset.

Transformações- são as operações que podemos fazer em um DataFrame no Spark. É importante observar que as transformações criam novos RDDs porque, lembre-se, os RDDs são imutáveis, portanto, não podem ser alterados de depois de criados. Então as Transformações pegam um RDD como uma entrada e executam alguma operação e gera um ou mais RDDs. 

Como o Spark trabalha com Lazy evaluation , conforme um compilador verifica cada transformação, ele não cria nenhum RDDs novo, mas sim uma cadeia de RDDs e os resultados dessas transformações que são armazenados no DAG ,que só serão avaliadas uma vez quando uma uma Ação é chamado. Essa cadeia de RDDs ou “filhos”, todos conectados logicamente ao RDD “pai” , é chamado de gráfico de linhagem

Ações - uma ação é qualquer operação RDD que não produz um RDD como saída. Alguns exemplos de ações comuns são fazer uma contagem dos dados, máximo ou mínimo, retornar o primeiro elemento de um RDD, etc. Como foi mencionado antes, uma ação é a mensagem para o compilador avaliar o gráfico de linhagem e retorna o valor especificado pela ação.

Gráfico de linhagem - Um gráfico de linhagem descreve o que é chamado de “plano de execução lógico”. O que isso significa é que o compilador começa com os primeiros RDDs que não dependem de nenhum outro RDD e segue uma cadeia lógica de transformações até terminar com o RDD em que uma ação é chamada. Esse recurso é principalmente o que impulsiona a tolerância a falhas do Spark. Se um nó falhar por algum motivo, todas as informações sobre o que esse nó deveria estar fazendo são armazenadas no gráfico de linhagem, que pode ser replicado em outro lugar.

 Como o Spark executa uma tarefa

Você que é engenheiro de dados acabou de codificar um programa para ser executado no Spark. 

Ao colocar seu programa para executar, ele será executado como conjunto independente de processos em um cluster, coordenados por um programa principal (chamado de driver ).

Especificamente, para ser executado em um cluster, o driver pode se conectar a vários tipos de gerenciadores de cluster (seja o gerenciador de cluster do Spark, Mesos ou YARN), que alocam recursos para o seu programa. 

Uma vez conectado, o Spark adquire executores em nós no cluster, que na verdade são processos  ficam aguardando receberem uma ordem do driver para executar cálculos e armazenam dados para seu programa. Em seguida, o Spark envia o código do seu programa para os executores. Finalmente, o driver envia tarefas para os executores executarem.

Cada programa obtém seus próprios processos executores, que permanecem ativos durante todo o programa e executam tarefas em vários threads.

O driver deve escutar e aceitar conexões de entrada de seus executores ao longo de sua vida útil e como o driver agenda tarefas no cluster, ele deve ser executado próximo aos nós de trabalho, de preferência na mesma rede local.

É importante frisar que o Spark é um dos engines de big data mantidos pela a Apache Foundation Existem outros! Hadoop, Flink, Storm, Samza.

Gostou do post? Falaremos de outras soluções de processo aqui no blog.